Contando com a presença expressiva dos agentes comunitários de saúde, auxiliares de consultório dentário, odontólogos, recepcionistas, vigilantes, auxiliares de limpeza, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais colaboradores das Unidades Básicas de Saúde (UBS), a equipe do CAPS apresentou o Projeto Movimentando Cuidados em Rede (CuidaRE), o qual irá favorecer a ampliação das ações de prevenção e tratamento à saúde mental do município, a partir da integração entre as equipes de saúde da família e CAPS, possibilitando assim o atendimento dos casos mais difíceis em cada microárea, com mais rapidez e comodidade para as famílias.
Na oficina, as equipes de saúde da família e de saúde mental encontraram um espaço para discutirem os problemas de saúde mental com maior incidência nas unidades, compartilharem experiências e planejarem formas de atendê-los, com vistas a dividir responsabilidades e diminuir a espera no atendimento.
“Este projeto vai favorecer que os membros do PSF tenham maior embasamento e segurança para atuar com os usuários que necessitam de acompanhamento psicossocial nas unidades de saúde”, indicou uma cirurgiã-dentista que participou da oficina.
Na oportunidade, responderam à uma pesquisa de satisfação profissional que avaliou o perfil dos profissionais que compõem as equipes de saúde e aspectos do trabalho que influenciam na assistência aos seus usuários. Esta pesquisa será fundamental para a melhoria da qualidade dos serviços prestados e cumprimento das metas dos programas.
Para finalizar esse ato de integração e de qualificação profissional, as equipes se abraçaram formando uma rede com pedaços de tecidos, simbolizando a organização da rede de cuidados da qual fazem parte.
Com o CuidaRE, cada UBS receberá o apoio de um profissional de saúde mental (seu matriciador), através de visitas periódicas para discussão de casos, atendimentos compartilhados, grupos de orientação, reuniões com as comunidades, grupos de estudo e demais atividades que possam garantir ações de saúde mental na atenção básica.
Uma das enfermeiras presentes indicou que “ a inserção de mediadores nas unidades de PSF representa um avanço do trabalho em rede frente à casos de pessoas com transtornos mentais. Representa a união e busca de novos atores sociais com o objetivo comum de “re-inserção” desses usuários na comunidade.” Já um agente comunitário de saúde relatou que “esta é uma forma de garantir que a gente faça um trabalho humano e com muita consciência do que está fazendo.”
Para os trabalhadores da equipe técnica em saúde mental do CAPS, o matriciamento das ações de saúde mental na atenção básica é uma aposta nos recursos humanos e materiais já disponíveis, que por melhorar a comunicação entre os diversos saberes e as equipes, pode direcionar melhor os fluxos das demandas na rede de serviços existente. É um grande desafio porque a saúde mental sempre foi colocada na caixinha das responsabilidades da saúde e vista como algo de domínio dos especialistas das áreas “psi”. Com esta ação, estamos pensando no cuidado que vai além do remédio, do psiquiatra, que evita o internamento e que está à frente dos tradicionais modelos psicoterapêuticos, isto é, o investimento na qualidade de vida das pessoas e seus cotidianos, em suas comunidades, junto aos seus pares. Estamos investindo numa ética do cuidado, que movimenta o processo de trabalho e o conduz para fora dos consultórios, oferece apoio aos cuidadores e famílias, levanta referências de cuidado e recursos do território, intensifica a atenção domiciliar, evita recidivas de crises, previne a cronificação de sintomas e a estigmatização acerca da loucura.
Texto: Carol Espinola (Coordenadora do CAPS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário